Por Paula Ramon AFP/Yahoo NOTÍCIAS
Para quem tem
nervos de aço, a Bolsa de Valores de São Paulo continuou a ser um bom negócio
em 2018, marcado por incertezas eleitorais no Brasil e perdas significativas em
muitos mercados mundiais. Os investidores preveem um 2019 ainda melhor, com as
promessas econômicas do governo de Jair Bolsonaro.
A Bolsa de São
Paulo fechou nesta sexta-feira (28), último pregão do ano, com forte alta de
2,84%, a 87.887 pontos, culminando um ano volátil mas com lucros de 13,07%.
O Ibobespa
registrou seu terceiro ano consecutivo de fortes ganhos, depois de ter subido
38% em 2016 e 27% em 2017. Em 2018 a alta foi de 'apenas' 13,07%, mas os
analistas afirmam que as expectativas para este ano foram atingidas no maior
mercado da América Latina.
"É um
resultado bastante positivo para o Brasil. É um caso isolado em um contexto
internacional em que a maioria das bolsas estão marcando baixas", disse
André Perfeito, da consultora Spinelli.
"Conseguimos
grande parte de nossos objetivos. Ficamos mais otimistas, pensando que
chegaríamos aos 95.000 pontos, mas esse nível não foi atingido por conta do
cenário exterior, que está extremamente negativo", explicou Rafael Passos,
da Guide Investimentos.
Os setores de
consumo, serviços e financeiro lideraram as altas do ano.
Na lista das
dez ações que mais cresceram em 2018 destacaram-se também os da Petrobras, com
valorização de mais de 40%, e da Natura, que cresceu mais de 30%.
O Ibovespa
superou em janeiro pela primeira vez a marca dos 80.000 pontos, mas seu impulso
foi freado depois de uma greve de caminheiros que em maio paralisou o país por
dez dias. O índice retrocedeu à faixa dos 70.000 pontos, na qual se manteria
por várias semanas devido às incertezas da campanha eleitoral.
Voltou ao seu
nível anterior apenas quando as pesquisas deram vitória praticamente certa para
Bolsonaro, considerado mais alinhado com as políticas de ajustes pedidas pelos
investidores do que o candidato do PT, Fernando Haddad.
A derrota de
Haddad no segundo turno aumentou a euforia. O Ibovespa atingiu 90 mil pontos,
antes de moderar o entusiasmo, com os investidores examinando as possibilidades
de Bolsonaro de aprovar a reforma previdenciária e o avanço de seu programa de
privatização.
- Otimismo dos
investidores -
Os analistas
concordam que em 2019 o Ibovespa poderá superar os 110.000 pontos, embora
Perfeito acredite que janeiro deve ser um mês de cautela, devido à agitação dos
mercados externos.
A orientação
dos investimentos para os papéis da bolsa de valores também é favorecida pela
manutenção da taxa básica de juros em seu mínimo histórico (6,5% ao ano) e um
nível de inflação relativamente baixo para o Brasil (menos de 4%).
As previsões
de mercado são para uma aceleração do crescimento econômico em 2019 entre 2% e
2,5%, afastando o espectro de uma recaída após a recessão histórica de
2015-2016 e dois anos de fraco crescimento (1% em 2017 e expectativas em torno
de 1,3% em 2018).
- Resistências
políticas -
O presidente
Michel Temer conseguiu aprovar reformas, como o congelamento dos gastos
públicos por vinte anos, mas desde meados de 2017 ele teve que dedicar suas
energias políticas para se salvar das acusações de corrupção.
Uma das
incógnitas agora reside na capacidade de Bolsonaro de obter apoio para seus
projetos no Congresso.
"O que
Bolsonaro pretende fazer é muito ousado. Em matéria de reforma, está lidando
com o Congresso de uma maneira nova, está tentando algo que nunca foi feito,
que é negociar com bancadas temáticas em vez de partidos políticos",
comenta Perfeito.
Para o
analista, as altas expectativas podem ser frustradas justamente "porque há
muito otimismo". "Não vai ser tão simples", adverte.
Passos destaca
que o eventual avanço da agenda de reformas favorecerá a chegada de capitais
estrangeiros. "O Brasil está atrativo para o investimento", avalia.
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